A Condessa Del Carpio, Marquesa de La Solana.


© 2007 Musée du Louvre / Angèle Dequier
La comtesse del Carpio, marquise de La Solana
 Francisco José de GOYA Y LUCIENTES 




A Condessa Del Carpio, Marquesa de La Solana. 
Ela, como toda senhora bem educada, não gosta de chamar muita atenção sobre ela mesma. A condessa se expõe aos poucos sortudos que por ventura entram na sua sala em um canto remoto do palácio.  Já vi alguns homens serem atraídos por ela, mesmo quando ela está em meio a tantas beldades (O Imperador Napoleão nem disfarça, ele a olha o tempo todo). Já vi também as mulheres se desmancharem em elogios frente à Condessa. Ela sempre os recebe com graça e elegância. Devo confessar que desde a primeira vez que a encontrei senti que poderíamos ser grandes amigas. Acho que foi pela flor. Afinal são pouquíssimas mulheres que podem usar uma flor daquele tamanho no cabelo com tamanha segurança. Achei a Condessa super cool. Investiguei mais sobre ela e descobri que ela se chamava Maria Rita Barrenechea e era casada com o Conde Del Carpio. Os dois formam o casal interessantíssimo!  Apesar de o Conde trabalhar para o Rei da Espanha, ele e sua esposa são interessados nas reformas políticas e freqüentam os círculos dos Iluministas. A Condessa também escreve peças de teatro, além de defender a educação aberta a todos os cidadãos. Moderníssima. O casal é também próximo dos artistas, como o pintor Francisco José de Goya y Lucientes, ou simplesmente Goya para os íntimos. Goya é um dos grandes pintores espanhóis, a sua carreira foi longa e prolífica, mas sempre me chamaram atenção os seus retratos, pois apesar de à primeira vista seus retratos serem majestosos e nobres, um segundo olhar nos mostra pequenos detalhes que nos revelam a alma dos personagens. Foi a partir de detalhes que notei que algo não estava bem com a Condessa. Apesar de seu vestido negro seguir a última moda da corte espanhola, apesar de seu sapato bordado elegante, apesar do lindo véu onde Goya através de pinceladas finas e rápidas sugere a transparência, notei que o rosto da Condessa não parecia o rosto de uma mulher em boa saúde. Seu rosto pálido, com os grandes olhos negros, bondosos e inteligentes, nos sugere que existe algo a mais nesse retrato. Voltemos então à flor, essa flor é o único toque de cor viva no quadro. Sabemos que é um acessório da moda da época, mas Goya não usa seus detalhes em vão, somente para embelezar seus quadros. Não, Goya usa os detalhes para nos contar mais das pessoas a quem ele retratava. Esse retrato foi feito meses antes da morte da Condessa que sofria de uma grave doença, e Goya como seu amigo, sabia disso. Os dois sabiam que essa seria a última imagem que a Condessa deixaria para sua família e por isso essa flor se torna tão simbólica. Ela é uma homenagem de Goya a sua amiga que mesmo em face à doença continua tendo graça e bondade. E a flor é um desafio da Condessa face à morte: “Sim existe a morte” ela parece dizer, mas existe também a vida.

La comtesse del Carpio, Marquise de La Solana.
Francisco José de GOYA Y LUCIENTES
Museu do Louvre (Coleção Carlos de Bestegui)
Óleo sobre tela.
1,81 X 1,22m


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